cada medo esconde um desejo [ disseste-me tu]

estás longe . juntamente com o quilómetros e a distância . os receios de sempre às vezes perco-os pelo caminho e hoje deixei um saco cheio deles naquela estação. aqueles bancos dizem tanto de nós e tão pouco de ti, na verdade, têm inscrito neles aquilo que nos conduziu aos destinos que não pudemos, naquela altura imaginar. não toco sequer no telemóvel, nem para ver as horas. prefiro esperar e perguntar à senhora do lado, ou deixar que o relógio atrasado do comboio me mostre o tempo que (ainda) não passou. prefiro continuar com as borboletas cá dentro, pensando que, quando olhar para ele vai dizer-me que pensaste em mim, do que deixar cair por terra aquilo que sei irreal . não por não seres capaz de o fazer (e fazes tantas vezes!), mas porque não podes sempre adivinhar a minha urgência de saber de ti. 
quero poder dar-te sempre tudo aquilo que precisas. o que a ti falta, em mim transforma-se em vazio também. mas sei que não posso sempre estar para ti, porque existe o tu dentro da bolha que foste criando ao longo dos mundos por ti passaram. posso continuar a tentar subir a montanha e sei, no fundo, que não vai ser preciso chegar ao topo, porque, eventualmente, vais descer e encontrar-me no planalto. é lá que as coisas são calmas e, na maioria das vezes, é lá que nos encontramos. 
um dia vou ser capaz de deixar de esperar que me adivinhes. porque vou ser capaz de me entender, de ouvir a voz que me fala em línguas que, muitas vezes, a maioria das vezes desconheço. 

não há planos para os sonhos mas, apesar disso, eles tornam-se realidade ..

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