mas não consegui trancar a porta à saída.

foi quando bati a porta pela segunda vez durante a tarde, que deixei de ter certezas. Já tinha ido lá abaixo, estava calor e a senhora que limpa as escadas, como sempre antipática; levantei dinheiro, comprei-te os tubos e o tabaco. A casa já estava limpa, a roupa dobrada e a casa de banho a cheirar àquele óleo que uns primos meus nos ofereceram pelo natal.
há quatro dias atrás, o plano era fugir para descobrir a vontade de voltar. mas tiveste que precipitar tudo antes. tive de sair antes do dia por mim marcado, a meio da noite, tive de chorar e teve de doer. Demais. E tive de regressar no meio da chuva do dia seguinte antes de poder sair.
por isso, foi quando fechei a porta pela segunda vez, no dia por mim marcado, que deixei de ter certezas. aquelas certezas de que tudo estava tão incerto que necessitava, claramente, de arranjo. as incertezas passaram a ser certezas de que, afinal, tudo parecia estar certo.
Qual o sentido da mochila às costas, então? Não sei.
Deixei-te um bilhete no espelho do teu lado da cama a dizer que sentirei saudades e apanhei o comboio das dezoito e vinte e quatro.

Sem comentários:

Enviar um comentário