os pontos no i's ou acabar com esta te(n)são de vez .

combinamos dia e hora .marcamos o local com um X. 
chegamos de cima, descemos do altar e cada um de nós finge que não sabe que, no fim de contas, foi para isto que se inventaram as cortes .
desnecessário trocar palavras .a semântica custa demasiado caro a quem, por bem, diz o que não sente e que, a seguir, apenas desmente. o olhar, se não se cruzar, melhor ainda. assim se evita constrangimentos de maior e tolera-se melhor o risco de se perder no (des)encanto.
viramos costas e tiramos à sorte quem vai passar o pé no pó da estrada para apagar os vestígios do momento. ganha quem tirar o palito partido .não vamos querer que ninguém saiba. e, no fundo, não vamos queremos que mais ninguém viva aquilo que, secretamente, vivemos um com o outro. segredo de mim para ti .e de ti para mim. 
que eu fuja antes do tempo em que percebas que, na verdade, também te queria .e que desapareças antes que eu entenda que, afinal, eras mais sincero que cantador de cantigas do malandro.
fazemos um compasso de espera para que não nos vejamos, inadvertidamente, de regresso ao mundo.
e, eventualmente, fazemos questão de nunca mais nos falarmos.


(para) sempre.

tens a mania de me falar nesse tom de quem me conhece .e, não fosse isso ser verdade, faria todo o sentido o facto de me incomodar mais que desconverses, do que não puxares o assunto que tanto evitamos .tu porque não queres ouvir .e eu porque não to quero dizer. 
e, no entanto, continuamos a viver as promessas que um dia, além, fizemos. 
prometemos. 
até quando iremos cumprir ?

quando o telefone toca .

olha lá, mas afinal, quantas vezes terei de repetir ? sabes tão bem, ou melhor, que eu, que aquilo que finges quando me falas, é apenas o aceitar daquilo que ambos bem sabemos ser inevitável um dia. 
e, eu sei, tão bem, ou melhor, que tu, que aquilo que o universo discorda, é apenas do minuto que teimámos em existir .eu na tua .e tu na minha .
o que na verdade mora em nós agora, é o silêncio forçado de assuntos banalizados, socialmente (bem) escrutinados. porque quando queremos saber dos fogos que nos assistem, apenas temos coragem de nos perguntar um ao outro pelas águas remotas de uns (e outros) oceanos que deixámos por conhecer.
apenas temos coragem de perguntar pela água.
insípida.
e que essa (ao menos essa!) seja capaz de lavar decentemente os pecados que em nós guardamos sempre que em nós pensamos. 
tu porque não podes querer .eu porque não quero poder ameaçar-te.
e acabamos sempre nesse mesmo lugar .aquele que eu e tu conhecemos bem demais. olhos fechados .olhos abertos .como queiras !
isso já nem sequer nos interessa ...
quantas vezes terei de repetir que é lá que vamos acabar ?

a hora do sexo.

Sempre achei que o homem era um bicho estranho. agora cada vez tenho mais a certeza que mais do que estranho, é bicho. 
Dizia-me a L. no outro dia que ouviu na rádio um senhor dito entendido no assunto, que está cientificamente provado que os homens que têm muitas mulheres, são intelectualmente pouco desenvolvidos. e eu acredito. até porque se está cientificamente provado, quem sou eu para discordar? diz, então, o dito senhor entendido que os animais não racionais não são fieis às suas fêmeas porque o seu cérebro não lhes permite desenvolver laços de afectividade. aparentemente não há neurónios suficientes num qualquer canto de massa cinzenta.por outro lado, supostamente, o Homem já tem a capacidade de ter sentimentos, desenvolver afectos e, portanto, praticar a monogamia. 
chegamos então à clara, e algo triste e soturna, de que os homens que têm que andar por aí a molhar o pincel em tudo o que é tinteiro, são simplesmente cérebros andantes incapazes de se terem desenvolvido o suficiente para entender que fêmea devia haver só uma: a sua e mais nenhuma. 

(e pensar que o pinguim mantém a sua pinguina até que fique viúvo, e que o golfinho faz o amor na vastidão dos oceanos, pelo puro prazer de estar com a sua única e desejada golfinha) .

faz-me pensar: terei eu errado na espécie quando decidi vir ao mundo? 

so beautiful tonight .

roses are red
violets are blue
and I don't give a damn about you !

welcome to the anarchie of life !

D. : porque é que as pessoas não vêm com manual de instruções ?
S. : porque também não há regras

dizia a S. (II)

" o amor é pouco metódico ".

de facto, ainda não consegui descobrir um modus operandi que faça funcionar !

at lunch

só casos bicudos .

depois de ti .

 agora tenho a breve certeza de que não deixei de imaginar e criar tudo aquilo que, em mim, [por ti], pensei e senti .

e no meio disto tudo

consigo perfeitamente visualizar o batimento do meu coração. pum pum. pum pum. ligeiramente taquicárdico e, de quando em vez, a parar por breves segundos. taquicardia por insegurança. paragens alternativas por vontade de me perder. 
consigo perfeitamente visualizar o meu coração preso por um série de fios. daqueles brancos. semi-ensanguentados. esticam e encolhem a cada segundo e de vez em quando parte-se outro. bate no fundo do peito e doí como se fosse o relógio a parar mais uma vez, porque a pilha falhou ou a vontade foi apenas demasiado preguiçosa para lhe dar corda a um ritmo devidamente adequado ao contexto.
hoje era até capaz de jurar que, com esta dificuldade de manter um ritmo ao nível das constantes físicas de mim, se devem já ter quebrado uns dois ou três. (pelo menos. ) embora as feridas rasgadas me doam demais.
pudera quebrar todos de uma vez !

não os fios. 
os laços.

que me seguram. e apertam. e me mantêm perto daquilo de que me quero me afastar, mas que não me é possível pelas gravidades viscerais do mundo em que me mantenho. (teimosias de quem pretende fingir que não se apercebe que a solidão também corrói os metais de dentro).
tenho quase a certeza que hão-de inventar um dia, (os cientistas, não eu), a tesoura dos laços roubados no permitir das noites e dias. e, depois desse momento, em que em pegar nela e cortar as limitações, terminam as complicações. outras determinações. 
e, no meio disto tudo, tenho quase e praticamente a certeza que é no alfabeto que penso quando desejo que tudo pare. 

Um dia escrevi-te isto. Num outro dia vou dizer-to.

"Perdi qualquer interesse na tua pessoa. És bonito, atraente, inteligente, interessante. Diria até apaixonante. [e assim apaixonei-me. Mea Culpa]. Mas, por outro lado, és comodista, egoísta e acima de tudo não tens respeito por nada nem ninguém. [Nem mesmo por mim, que nunca te neguei nada da minha pessoa]. Não sabes o que é a compaixão, o dar ser receber, o dar pelo pelo prazer de o fazer [simples!], não entendes o que é sacrificar, por gostar. Sabes bem desprezar, magoar, ignorar e fingir que nem sequer é nada contigo! E, tudo isto apaga qualquer das qualidades que possas ter. Iludi-me. Afinal não és uma boa pessoa. Pensas que sabes tudo, mas ainda tens muito que aprender para ser um homem com H grande."

Não serves para mim.
YOU LOSE !