e no meio disto tudo

consigo perfeitamente visualizar o batimento do meu coração. pum pum. pum pum. ligeiramente taquicárdico e, de quando em vez, a parar por breves segundos. taquicardia por insegurança. paragens alternativas por vontade de me perder. 
consigo perfeitamente visualizar o meu coração preso por um série de fios. daqueles brancos. semi-ensanguentados. esticam e encolhem a cada segundo e de vez em quando parte-se outro. bate no fundo do peito e doí como se fosse o relógio a parar mais uma vez, porque a pilha falhou ou a vontade foi apenas demasiado preguiçosa para lhe dar corda a um ritmo devidamente adequado ao contexto.
hoje era até capaz de jurar que, com esta dificuldade de manter um ritmo ao nível das constantes físicas de mim, se devem já ter quebrado uns dois ou três. (pelo menos. ) embora as feridas rasgadas me doam demais.
pudera quebrar todos de uma vez !

não os fios. 
os laços.

que me seguram. e apertam. e me mantêm perto daquilo de que me quero me afastar, mas que não me é possível pelas gravidades viscerais do mundo em que me mantenho. (teimosias de quem pretende fingir que não se apercebe que a solidão também corrói os metais de dentro).
tenho quase a certeza que hão-de inventar um dia, (os cientistas, não eu), a tesoura dos laços roubados no permitir das noites e dias. e, depois desse momento, em que em pegar nela e cortar as limitações, terminam as complicações. outras determinações. 
e, no meio disto tudo, tenho quase e praticamente a certeza que é no alfabeto que penso quando desejo que tudo pare. 

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