conheces de mim aquilo que nem sequer sei que em mim existe.

acabaste de entrar para os bancos que andam e eu já sinto a falta de te ter aqui.

a verdade é que se não fosse tudo tão complicado, era mais simples. e mesmo parecendo lógico que o complexo se desmortalize, as águas, por vezes, parecem voltar ao mesmo sítio. 
pudesse eu contar.te e explicar.te porque te arrasto e, certamente, esse olhar misto de indignação e incerteza, molhado pelo talhão de questões sem resposta, se transformaria num outro.

mas, nem sempre as palavras existem quando queremos. e há aqueles momentos em que, mesmo articulando da melhor maneira as frases, o sentido simplesmente não se desenha para os ouvidos. e sei que, mesmo que tentasse verbalizar, essas frases soariam ao pior dos sentidos quando a ti chegassem.
é claro que, não fossem as pessoas, os momentos existiriam mais plenos de não retrocessos, mas existem. e, mesmo que eu diga que ' a vida passa, o tempo colhe ', há razões que a própria vontade faz esconder.

vontade de te não perder, agora que ainda nem sequer sou tua. 
vontade de te encontrar, agora que podemos ainda ser dos dois.

talvez seja na hora vinte e cinco que moram as articulações daquilo que poderá ser o rascunho de um futuro (im)perfeito. provavelmente é naquele hora que não existe [mas que inventamos sempre que nossos corpos se tocam] que as entregas se adivinham puras e livres de fantasmas.

talvez seja.

a questão é que, nessa hora, eu não vivo aqui.
estou, sem hesitações, no mundo do sonho e da fantasia. naquele mundo onde me levas quando sussurras ao meu ouvido aquilo que adivinhas num eu a querer ouvir.
na hora que surge, rasgando o tempo dos segundos de sessenta, sei que não existe eu. não existe tu. não existe sequer qualquer equação de nós, porque as parcelas separadas não completam qualquer sentido.

conheces de mim aquilo que nem sequer sei que em mim existe.

e de cada vez que te afastas tenho a certeza que ainda não disse tudo. ainda não fizemos nada. ainda falta o ontem, o hoje, o amanhã ..! cada vez que te afastas tenho tanta coisa para te contar, para te dizer, para te mostrar.
e dá-me sempre esta vontade de voltar para trás no instante seguinte e dizer.te que as horas não passam, os segundos são meros exercícios de imaginação e que afinal podemos perder.nos na hora vinte e cinco.

podemos despir.nos. de mim e de ti.
existir no ar.
deixar o vento percorrer as costas, enquanto as mãos embalam o caminho.
procurar o caminho que não levará ao escondido do mundo.

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