mas pensas tu que isto pode ser assim?
entras na minha vida como quem não quer a coisa, fazes-me transformar em garota da escola durante não sei quanto tempo agarrada ao telemóvel à espera de mais uma mensagem, à espera de mais um desafio, e, depois, como quem não quer a coisa outra vez, desapareces.
desapareces da minha vida.
apareces nos meus sonhos.
e eu não me lembro de te dar qualquer tipo de autorização para isso. mas, como sempre, não fosse já do teu modo de ser, desobedeces às regras e ignoras os trâmites legais da coisa.
já sei que vivo na terra das ilusões (andam a dizer-me isso desde os meus 5 anos e, sinceramente, estou já um bocadinho farta de o ouvir), mas a verdade é que, sim, mais uma vez, enterrei a cabeça nessa terra colorida e deixei o corpo de fora, não fosse dar-se o caso de tu passares e me vires resgatar. 

imaginei que, por muitos trambolhões que o planeta desse, esta nossa capacidade de ultrapassar o que nos rodeia iria permitir que se esquecesse o desejo e ficasse a vontade.
a vontade de trocar palavras e desafios durante horas.
de jogar a bola para o teu lado, e depois tu para o meu.
a ver quem é que era capaz de aguentar mais tempo sem se descair ou sem deixar a bola partir.
mas parece que tu querias que agora ficasse sempre do meu lado. e eu atirei de volta para o teu. não agarraste. deixaste-a no chão .e agora imagino uma qualquer criança a passar e a levá-la para casa, a pensar que foi o Pai Natal que a deixou no caminho para ela. 
deixaste-a no chão e viraste-me as costas. preferiste fingir que não se passava nada do que lidar com a ideia de que as coisas teriam que ser diferentes, mas que se manteriam iguais.
viraste-me as costas. e entras-te nos meus sonhos.
e eu não suporto isso.
porque te quero poder dizer tudo isto e nos sonhos simplesmente me sorris com aquele sorriso que sempre achei muita piada.
porque te quero tocar e nos sonhos simplesmente me embalas com aquela tua voz que sempre me deixou a voar.
agora a nossa história já tinha passado de validade há algum tempo. 
e, mesmo assim, guardava-a na prateleira com a vontade de a agarrar e relembrar contigo quantas vezes quiséssemos. 
mas estragaste-a de vez. 
quando desapareceste da minha vida, e apareceste nos meus sonhos.

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