muitas vezes nem sei se nos amamos ou simplesmente amamos a ideia de nos amarmos um ao outro

tem dias em que se torna complicado. eu transformo-me na pior pessoa do mundo e só me apetece farejar tudo e mais alguma coisa à procura daquilo que sei, precisamente, que não quero encontrar. dia a dia surpreendes-me. quase nunca pela positiva.
ou então sou eu demasiado exigente e perfeccionista para não ver essa tuas lindas acções e gestos.
dizias no outro dia "ir trabalhar todos os dias para o último sitio da terra para onde eu queria ir deveria ser a maior prova de amor. faço-o por nós e pela nossa vida". e nesse mesmo dia dizes-me com todo o ar natural do mundo "sim, gosto muito da P. somos amigos e temos um química muito forte". por muito que eu não queira, a última frase anula catastroficamente a primeira. é qualquer coisa tipo holocausto cá dentro, mas sem os julgamentos de guerra. porque a única prisioneira aqui sou eu.
sim é verdade, reduziste os litros de etanol por semana, passaste a não partir coisas, tomas sempre certinho os comprimidos, já não atiras cenas pela janela e aprendeste a sentar à beira da cama a conversar como um menino crescido (embora a conversa não possa durar mais de cinco, dez minutos e desde que não caia demasiado para o teu lado).
e depois descubro sempre uma garrafa que afinal estava cheia era de água ("oh isso foi há tanto tempo, eu já não faria isso nunca mais ..." hum hum). e depois é a mensagem a cair no telemovel, a chamada rejeitada, e as horas que passas na casa de banho trancado a fazer sabe-se lá o quê !

contigo é sempre assim. bombas nucleares constantemente a cair no meu jardim.
gritas comigo que fazes imenso nesta casa, quando eu te peço por um pouco de ajuda "porra!". "Já fiz uma máquina de louça e limpei os peixes ! " respondes com ar de ofensa como se eu te tivesse dito que o teu nariz torto consegue ser pior que as orelhas de dumbo.
boa . e eu a seguir a ti tive de ir limpar a cozinha, bancada, chão, louça que não coube na máquina, paredes e fogão; ao mesmo que tempo que encho a wc de spray, arrumo o quarto, faço e estendo duas máquinas de roupa, lavo o frigorífico, tiro o spray da wc, lavo a banheira, sanita, bidé e ainda ponho o espelho a brilhar; e consigo pensar nas contas, no jantar, e na P., na A., na C. e nas gajas todas com quem tens uma "química especial de amigo".
quero lá saber se elas entendem as tuas piadas, sem têm 50 ou 100 quilos e se me dizes que é a mim que queres. quero lá sabes se são a tua companhia no café no trabalho que não gostas. também não gosto do meu, f'dasse. e não ando a gastar o meu charme pelos caminhos do mundo, para depois chegar a casa e jogar PS.
foste jantar a casa do B. no outro dia para te despedires da V. aquela que me disseste ter sido "o amor da tua vida" (sim, mais uma merda que engoli e enfiei no saco). eu não disse nada e vieste encantado com os putos e com o B. ter dito que qualidade de vida era ir para casa depois de um dia de trabalho e poder passar tempo com a mulher. por momentos até acreditei. (como quase sempre!)
mas a maior do tempo, tu escondeste nos jogos de carros a fugir da polícia que é quando dá mais pontos e eu venho para o escritório fingir que nada é. até gosto de estar sozinha,

e agora que depois de ir ao dôtor psiquiatra e andar a indutores do sono, ansiolíticos e anti-depressivos, nada melhora, só me parece pior.

porque tenho medo de melhorar. de abrir os olhos voltar a ganhar aquela energia que sempre tive dentro de mim e dizer-te que chega. não quero saber de comprar carros, casas T2, nem de putos a correr pelo corredor.
não quero saber de ti. 
e tenho medo disso.

1 comentário:

  1. tu sabes quem é28 junho, 2012 01:53

    mas eventualmente parece-me ser o que vai acontecer... :/ falo por experiência própria.

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