como eu .

era capaz de jurar que ouvi a tua voz quando olhei para a outra margem, mas afinal era apenas a minha imaginação a levar-me pelos caminhos de quem se esconde do devorar dos dias.
depois pensei ter-te visto no momento em que tentei reter a imagem de todas aquelas faces que por mim passavam e por mim não olhavam, mas percebi mais tarde que era apenas o reflexo da vontade perdida no arrastar dos tempos.
sei que te senti quando entrei naquela sala, quente, demasiado cheia. tenho a certeza. absoluta.( ou será só certeza? quase a certeza? ) poderá ter sido apenas uma leve sensação de que faria de tudo para que me tocasses?
sim .talvez .
talvez tenha sido o meu desejo de que te recordes do que fui e fomos, e de deixemos de ser o que somos, ou não somos, um para o outro.
queria tanto largar o desconhecimento em que mergulhámos e voltar a penetrar nas noites desgarradas do mundo, salpicadas pela adrenalina (pouco) inocente de viver, apenas viver .
mas sei (quase com toda aquela certeza há pouco perdida) que o que vai não volta e o que é já foi e por isso  aceito que nos deixemos ficar neste crepitar sem força nenhuma. aceito até que passemos a meros conhecidos que cruzam olhares no segurar da porta, mas no meio de tudo isto, o que não aceito é que olhes outros olhos .outro olhar .

" sentada à beira rio, eu vejo correr, ter a vida por um fio, deitá-la a perder. como eu. "

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